Pr. Cacildo Melo
Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência,
nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o
Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos,
porém o Senhor olha para o coração (I Sm 16. 7).
Não
se pode julgar um livro pela capa. É um dito antigo, mas ainda atual e
verdadeiro. A aparência exterior do livro nada tem a ver com o que ele contém. Podemos
também atribuir tal verdade as pessoas. Quem não cometeu o erro de chegar a uma
conclusão errada sobre o indivíduo, tendo formado sua opinião estritamente com
base em coisas exteriores?
O
pré-julgamento é algo que pode ser desastroso para iniciar relacionamentos, ou,
até mesmo impedir participações em determinados lugares. Imagine se
transmitirmos isso para a igreja, para o povo de Deus. Como será que as pessoas
ao nosso redor estão nos enxergando? Será que com preconceito? Ou, realmente o
que somos.
Nós
como cristãos devemos nos cuidar quanto aos nossos preconceitos. Não devemos
observar somente o exterior. O próprio Samuel, foi reprimido pela sua posição
na escolha do rei que iria suceder Saul. Saul foi escolhido por sua aparência: Este tinha um filho, cujo nome era Saul,
moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais
belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo (I Sm
9. 2). A beleza de Saul, não era
suficiente para o propósito de Deus para com o seu povo. O exterior, em alguns
casos, é uma máscara para esconder verdadeiramente o que é o interior.
Algumas pessoas querem igrejas pelas suas instalações. Embora,
não sou contra a prosperidade, e o visar melhorias nas dependências da Casa do
Senhor, embora, temos que tomar cuidado com a finalidade ideal para o povo de Deus. As
melhorias devem visar primeiramente, ou, até unicamente, o acolhimento, e não o
atender. Nós fazemos as coisas para melhor atender os “clientes”. Devemos fazer
o melhor com o intuito de acolher. Perdemos a visão do acolhimento, prevalecendo
o atendimento a clientela. Inclusive, a “clientela”, anda cada vez mais exigente.
O acolhimento visa o bem estar de todos, o dar-se, ou doar-se.
O atendimento visa o retorno em prol do que está sendo oferecido. Pesquisas de
mercado, o que está na moda atual para atrair a “clientela gospel”. Tudo para
abastecer o mercado promissor. Vários itens elaborados para atender os
clientes: livros, músicas, shows, estudos, palestras, edificações, etc... Não sou contra qualquer desses itens sitados acima, porém, desde que o conteúdo não seja para saciar o apetite voraz da carne humana. Perdendo com isso a essência do que é ser cristão. Para alguns, não
importa o conteúdo (pregação), levando em conta que supra as minhas
preferências.
Saul exteriormente era belo, grande, viçoso. Sendo que,
interiormente era vazio. Não tinha nada interiormente que agradava a Deus. Davi
extremamente o oposto exteriormente, não tinha nada que agradasse o povo de
Deus. Sua aparência era reprovada ao padrão dos olhos humanos para aquela
época. Mas o mesmo possuía uma qualidade aprovada por Deus: Porém
agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um
homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão
sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou ( I Sm 13.
14). Assim deve ser a igreja de Cristo, bela interiormente, aprovada
pelo Noivo, e não pelo conceito humanista de beleza.
Deus sonda o nosso interior. Deus sondava o interior de Davi
e sabia quem Ele era: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me, e conhece os meus pensamentos (Sl 139. 23). Assim como sondou
a Saul e sabia quem o era. As aparências enganaram e continuam a ludibriar
ainda hoje. Diante de Deus não adianta quereremos viver uma vida de hipocrisia.
Querendo ou não, Deus conhece a todos. Independente de credo, etnia, cor e
sexo. Todos estamos despidos diante de Deus. A igreja de Cristo deve agradar ao
Senhor, e não aos homens. O Criador deve ser glorificado na terra através de
sua igreja.
Jesus sofreu preconceito também: Disse-lhe Natanael: Pode vir
alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê (Jo 1. 46). Antes
mesmo de o ver, Natanael o julgou por causa do local que havia nascido. O local
de nascimento de Jesus, na mente Dele era local de desconfiança quanto à pessoa
do Mestre. Muitos sentem o efeito do preconceito diariamente, inclusive dentro
da igreja. As pessoas são vitimadas por não estarem no conceito de beleza
imposta por alguns. Seja no serviço, escola, lazer, igreja, etc... infelizmente,
onde houver o ser humano há a probabilidade de termos estas práticas
indesejáveis por Jesus Cristo.
O conceito de beleza para o homem está no que atrai os seus
olhos, tendo como parâmetro o exterior. O que aguça o seu coração. O conceito
de beleza para Deus é o interior, onde não se vê em contato visual, mas, sim,
no profundo do coração humano.
O próprio Jesus, segundo o profeta Isaís era desprovido de beleza exterior: Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor? Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos (Is 53. 2, 3). A aparência real de Jesus era totalmente diferente do que se mostram em telas de quadros. O homem sempre preocupando-se com o exterior, e, com isso, manipulando a forma física de Jesus para o seu prazer. O homem busca no exterior, o que realmente deve-se encontrar no interior da pessoa. Com isso, cria no coração um padrão de beleza exterior, tanto que, quem não enquadrar-se com tal perfil, estará fora da aprovação.
Infelizmente este padrão de qualidade está dentro das igrejas. Nós absorvemos este padrão seletivo para algumas pessoas que escolhem uma igreja para frequentar, visando o que ela pode oferecer de melhor para o seu interesse. Não escolhe uma igreja visando no que possa cooperar para que a mesma desenvolva-se melhor, mas sim, pelo que a mesma tem para oferecer-me. Uma visão pobre e mundana, visando sempre em receber, e, nunca doar-se na obra do Senhor.
Que Deus possa nos ajudar a abandonar o hábito de conclusões
reprováveis calcadas estritamente no tamanho, nome, localização de uma igreja,
tipos de carros usados pelos frequentadores. E em pessoas também, por não terem
o que achamos como aparência ideal. As aparências engam, e são reprováveis por
nosso Senhor. Sirva ao Senhor pelo que Ele é, e, não pelo que Ele pode de dar.
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