Então
perguntou o governador: Qual dos dois vocês querem que eu lhes solte? Responderam
eles: Barrabás! Perguntou Pilatos: Que farei então com Jesus, chamado Cristo? Todos
responderam: Crucifica-o! Por quê? Que crime ele cometeu?, perguntou Pilatos.
Mas eles gritavam ainda mais: Crucifica-o! Quando Pilatos percebeu que não
estava obtendo nenhum resultado, mas, pelo contrário, estava se iniciando um
tumulto, mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão e disse: Estou
inocente do sangue deste homem; a responsabilidade é de vocês. Todo o
povo respondeu: Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos! Então Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o
entregou para ser crucificado (Mt 27. 21
– 26)
O ser humano não tem capacidade pessoal para fazer a escolha
certa. Tanto que, no quesito salvação, isso torna-se realidade na vida do homem
por intervenção exclusiva e absoluta da parte de Deus: Porque Deus nos
escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
em sua presença (Ef 1. 4). Não sabemos, e, nem tampouco queremos a Deus. Tanto que mesmo
aceitando-o como Senhor de minha vida,
encontro dificuldades em fazer o que Ele deseja que faça: Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer,
esse eu continuo fazendo (Rm 7. 19). Tenho consciência, por intermédio do
Espírito Santo que habita em mim, mas, o pecado também encontra moradia em meu
ser, fazendo parte de minha natureza humana, uma vez que, impulsiona-me a pecar: Ora, se faço o que não quero, já não sou
eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim (Rm 7. 20).
Jesus foi crucificado em primeira instância, por vontade de
Deus. Aqueles homens agiram em conformidade com a vontade do Senhor para a execução
do plano de salvação para a humanidade: Porque
Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3. 16). Quem entregou a
possibilidade de remissão do pecado para a morte eterna foi o Criador. Os
homens simplesmente externaram, fizeram parte de tal situação. Ao mesmo tempo
que agiram em vontade própria, estavam fazendo a vontade do Criador: Desde aquele momento Jesus começou a
explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e
sofresse muitas coisas nas mãos dos líderes religiosos, dos chefes dos
sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse no terceiro dia
(Mt 16. 21). Tanto que, se estes homens não quisessem a execução de Jesus,
com certeza seria de outra forma, nada impediria de consumar-se o plano de
resgate do Senhor.
Pilatos, também entra na história fazendo parte do propósito
de Deus. Segue a vontade dos sacerdotes e demais homens, entrega Jesus para ser
açoitado. O açoite seria o início do suplício para a crucificação. Sendo o
primeiro requisito a ser cumprido para o destino final. Inclusive a lei judaica
conhecia a pena do açoite: Tenham
cuidado, pois os homens os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas
sinagogas deles (Mt 10. 17). Embora os açoites dos romanos eram mais
severos e cruéis, não havendo limitações
e medidas de cautelas, não havendo legislação sobre o limite de chibatadas.
Limitando-se a exaustão de quem estava executando, ou, meramente satisfeito a
sua crueldade.
Na história da igreja há muitos relatos de suplício da carne,
onde os mártires experimentaram em amor a Cristo. Um deles é o que relata a
morte de santo Policarpo, acerca demais mártires: Dilacerados pelos açoites, a
ponto de ser possível ver os vasos sanguíneos interiores e a estrutura do
corpo, eles os suportavam de tal modo que os mesmos que estavam em redor tinham
compaixão e choravam. Eusébio informa acerca do açoitamento do santo Doroteu
(sob Diocleciano) que “até os ossos ficaram expostos”. As veias, os músculos,
as entranhas ficavam expostas diante dos olhares apavorados dos espectadores.
Não raramente, o delinquente morria sob a violência das chicotadas. O Filho de
Deus foi açoitado.
Mas, Deus é amor. Inclusive, amor existencial na pessoa de
Jesus que morreu para justificar o homem. O sangue de Jesus foi derramado por eles
também. Levando em consideração, que se algum deles após a crucificação
entendeu que Jesus era o Cristo de Deus, e arrependeu-se e o aceitou como
Senhor e Salvador de sua vida: Todo
aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem
blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (Lc 12. 10). Eles não
blasfemaram contra o Espírito, então, eles poderiam gozar do Reino, pelo qual eles
fizeram parte do propósito de Deus. Tanto que antes da crucificação e morte de
Cristo tudo era apenas uma profecia. O ato em concreto, ou seja, crucificação,
morte e ressurreição é que tornou a consumação da salvação uma realidade para
todo o que crer em Jesus: Jesus disse: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão
fazendo. Então eles dividiram as roupas dele, tirando sortes (Luca 23. 34). Mesmo em
agonia e abandono, Jesus ainda intercede o perdão do Pai por eles.
Aos olhos humanos, eles cometeram enorme atrocidade com
Jesus. Um homem que não tinha cometido qualquer delito. A não ser, Ser o filho
de Deus. A vontade de Deus foi executada. Aqueles homens fizeram parte da vontade
de Deus. E com isso, não foi lhe imputado o sangue de Cristo. Jesus clama ao
Senhor para perdoá-los. Lembrando que tal perdão era para que houvesse a chance
de arrependerem-se e serem salvos por Ele mesmo.
Por pior que possa parecer a nossa escolha, diante dos nossos
olhos, ou, dos olhos da sociedade existe perdão para Deus. A sociedade julga,
condena, abandona, despreza, Deus não. Em Cristo encontramos o perdão, Ele intercede
por nós diante do Pai.
Não desanime, seu pecado tem perdão.
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