René Padilha

MISSÃO INTEGRAL


Introdução geral


Não existe um único metro quadrado deste planeta que Jesus não diga, “isto é meu!”.

Paschal disse que todo homem busca a felicidade. Não há nada de errado com isto, mas o problema é que não sabemos onde buscar. Há muitas coisas que trazem felicidade, mas não aquela satisfação total. Somos criaturas de coração dividido brincando e buscando satisfação com coisas tais como sexo, novas aquisições, etc, mas fomos criados para aspirações muito mais elevadas. C.S. Lewis disse que desejamos pouco, pois nos “satisfazemos” com coisas transitórias e ficamos aquém de nosso potencial e ideal. Jesus não é a chave do baú da felicidade, ele é o próprio baú, ou seja, a própria felicidade. Em Cristo, encontramos o grande tesouro da humanidade. Mt 13.44 fala do tesouro escondido no campo.


Primeira Parte



Demonstra que as raízes da missão integral estão nas Escrituras. Se a igreja vai fazer missões, precisa ser integral, senão, não é missão bíblica.

No passado o conceito de missões era aquele do tipo transcultural, em que o missionário tinha que cruzar o mar, sendo apenas aqueles que vinham de longe ou que iam para longe. O conceito de Missão Integral surgiu para ressaltar que a missão como vinha sendo praticada era parcial. As ênfases para evangelização mundial estavam no cruzar de novas fronteiras, baseados em Mt 28. O propósito da missão era entendido apenas em termos da salvação das almas e da plantação de igrejas. Os agentes da missão eram os missionários especialmente preparados e designados, que, na sua grande maioria eram afiliados à entidades missionárias. Poucos missionários, para não dizer nenhum, eram enviados pela igreja local. A função da igreja local neste caso era a de recrutar e sustentar financeiramente os missionários, mas a sociedade missionária era que cuidava da capacitação, estratégia e envio. Houve sucesso neste propósito, de modo que não existe hoje, nenhum país em que não existam cristãos. O problema deste conceito de missões reside nos seguintes aspectos׃



1. Dicotomia entre as igrejas que enviam e as igrejas que recebem missionários, estas, geralmente, eram as igrejas do terceiro mundo. Mas isto já está mudando!
2. Dicotomia entre lar (home) ou sede e campo missionário em algum país pagão. Quando os missionários terminam sua carreira missionária retornam para o seu país de origem. Não criam profundas raízes a ponto de se encarnarem. Alguns nem chegam a aprender o idioma corretamente. Outros se contentam apenas em ofertar para sustento missionário, entendendo que, assim, já estão cumprindo sua tarefa missionária.
3. Dicotomia entre cleros e leigos. Há cristãos que participam da missão e cristãos que não participam diretamente.
4. Redução da missão ao esforço missionário transcultural.



Missão integral é um novo paradigma para missão que supera estas dicotomias. A missão não se esgota com a missão transcultural. Sendo muito melhor explicita por um cruzar de fronteiras entre a fé e a não fé do que por um cruzar de fronteiras geográficas. A questão é participar da missão de Deus no mundo começando por sua Jerusalém. A igreja é por natureza missionária. Se não, não é igreja, 1 Pe 2.9. Devemos, como cristãos, testificar das obras maravilhosas de Deus onde quer que estejamos. Aqui, lembrei daquela frase de Neimar de Barros, “o cristão que não tentar cristianizar o seu ambiente, é fajuto!” Todos os membros da igreja, sem exceção, por terem sido integrados no corpo, receberam dons e ministérios. Portanto, a Missão não é privilégio de um pequeno grupo que foi chamado para o campo missionário no exterior. Precisamos levar a sério o sacerdócio universal de todos os crentes. Não recrutamos pessoas para serem clientes de nossos produtos de fé, mas para serem colegas na missão do Reino.

Brian Mclaren disse que a função da igreja é equipar homens e mulheres para a missão da igreja no mundo. Não é para que eles venham ao templo ou participem dos cultos, mas para que sirvam a Deus em qualquer lugar. E não há lugar que não esteja dentro da órbita da soberania de Jesus Cristo. A Missão integral tem como base o reconhecimento da soberania de Jesus sobre a totalidade da vida. Toda a esfera da vida humana está debaixo de sua soberania. Portanto, não temos que escolher entre missões culturais e missão integral, pois a missão de Jesus é integral, que contempla toda vida humana. É a recuperação do ensino bíblico sobre missão a serviço do Reino de Deus e de sua justiça. O que implica em cruzar a fronteira entre fé e a não fé em todos as dimensões da vida. Jesus quer transformar a vida humana em todas as suas dimensões. Portanto, o Evangelho abrange todas as esferas da vida.

O ideal é que todas as igrejas enviem missionários e que todas recebam. Todas têm algo a ensinar e a aprender com as demais. Não é caminho de uma só via. Uma igreja não deveria apenas enviar missionários para a África, mas deviam, por exemplo, fazer missões no bairro vizinho onde tem descendentes africanos.



1. Toda a necessidade humana é campo missionário, necessidades físicas, matérias, psicológicas, em todo campo da vida humana e em todo o planeta.

2. Francisco de Assis dizia que seus discípulos deviam proclamar o Evangelho por todos os modos possíveis, se preciso, até mesmo por palavras.

3. Todo cristão é chamado para seguir a Cristo e se envolver na missão. Todos são missionários.

4. Grudem, em seu livro Servo de Cristo, sua mensagem e o seu mensageiro, diz que os benefícios da salvação são inseparáveis da participação da missão de Deus no mundo. O grande problema é a maioria dos cristãos não se sentem instrumentos de Deus como missionários no mundo. Mas existe uma estreita relação entre ser abençoado e ser bênção. Gn 12 mostra isto claramente. Esta verdade é parte do pacto de Deus com o ser humano tanto no AT como no NT. Ser e fazer discípulos. Receber e dar.

5. A vida cristã pessoal e comunitária reside em dar testemunho primordial da soberania de Jesus; Não apenas por palavras, pois as palavras apenas esclarecem o testemunho que deve ser encarnado. A expressão “dar testemunho” não está bem entendida. Pois é viver como Deus quer que vivamos. Aclaramos o segredo de nossa vida com palavras. A missão vai muito mais além das palavras. Tem a ver com a qualidade de vida.



A missão integral é o meio de Deus. Quando alguém é enviado para outro lugar ou país, o que é que eles vão fazer lá. Proclamar com palavras apenas ou vão viver a vida cristã?

Quase todos os missionários em países mulçumanos precisavam de um pretexto para estar naquele país e tinham peso na consciência por isto. O problema conceitual é que missão não é com palavras tão somente, mas é com vida prática. Não reduzamos a missão a palavras. Cristãos poderiam ir a países como estes para trabalhar e viver normalmente suas vidas cristãs, dando testemunho de Cristo no convívio do cotidiano, através de viver a vida de Cristo em meio aos não cristãos, onde o testemunho falaria mais alto do que qualquer discurso e abriria portas para o oportuno testemunho verbal.

Qual é o meu lugar no propósito de Deus e como devo agir? Caráter encarnacional da missão.

Toda a necessidade humana é uma oportunidade de serviço e de missão (evangelização). Não é deixar de dar testemunho falado, mas quero ressaltar que o testemunho falado é parte e não o todo. Neste mundo precisamos de um conceito mais abrangente da missão da igreja.

Jesus sarou a muitos que não vieram a se tornar discípulos. Não podemos pensar que a única coisa que importa é pregar e, quando muito, usar as boas obras apenas como isca.

Devemos começar onde as pessoas estão, respondendo as suas necessidades, aproveitando qualquer ponto de contato.

EUA são subdesenvolvidos em termos relacionais.

Madre Tereza de Calcutá foi convidada para falar sobre a pobreza humana num hotel 5 estrelas, mas pelo caminho, parou para atender a um moribundo, pois não queria que ele morresse, ou que, pelo menos, se viesse a morrer, morresse sentindo afeto cristão e humano. Por causa disto, acabou chegando ao evento com duas horas de atraso e pode dar apenas uma palavra de justificativa dizendo que não pode chegar a tempo, pois estava ocupada com algo muito mais importante.

Livro a igreja local como agente de transformação. Padilha.

Uma igreja onde o pastor monopoliza as ações não pode praticar missão integral. Pois o pastor sozinho não pode fazer a missão integral da igreja.

A igreja estrutural onde não se pode mudar nada, não está organizada para missão integral, pois a instituição tornou-se mais importante que o organismo.

Raízes de missão integral estão em Cristo que não somente prega, mas cura os doentes, proclamando uma mensagem de amor e justiça. Jesus é conhecido como profeta! “Que dizem os homens que eu sou?” Resposta׃ Algum dos profetas. Este era o conceito mais comum entre o povo. De fato, a palavra profeta está enraizada a pessoa de Jesus.

Como a igreja perdeu a missão integral?

Livro Rosto do Cristianismo Latino americano. Miguel Bonnino.

Controvérsia entre liberais e fundamentalista. Pouco a pouco a posição evangélica ficou identificada com algo desconectado com a questão social.

Justo Gonzáles, livro: 3 tipos de teologia, faz sua análise histórica começando pelos primeiros séculos. O nome do livro é “Retorno a la história del pensamiento Cristiano”. Melhor livro de Justo na opinião de Padilla. (Há um erro, falta uma página, que pode ser enviada por e-mail.)

1. Ênfase no doutrinal. Parte cognitiva. Quem conhece bem a doutrina é ortodoxo, então, está bem.
2. Ênfase alegórica,
3. Transformação da vida em todos os aspectos segundo o Evangelho.



Por que a América Latina está tão mergulhada em pecado e corrupção sendo desde sua origem tomada pelo cristianismo? Reflexão sobre as implicações sociais do evangelho, levar a sério à ética do Evangelho.

Pacto de Lausanne e a responsabilidade social da igreja. Deus é criador de todos os homens, devemos repartir sua preocupação com a justiça social.

Missão em transformação David Bosh. Melhor livro escrito no século XX, segundo Padilha.

Pode-se distinguir, mas não se pode separar a evangelização da ação social. Tudo o que a igreja faz tem uma dimensão evangelizadora e tudo o que a igreja faz tem uma dimensão social. Ainda que se faça o bem apenas pelo motivo de servir, se está, num certo sentido, dando testemunho da verdade e do amor de Deus o que tem a ver com a obra de evangelização, e quando se evangeliza se produzem resultados sociais.

Como se evangelizar a América latina? Plataforma mundial Lausanne em 74 e depois Clade 2 em 1979 (Orlando Costas). Clade 3 1999 (organizador Padilha). Documento sobre missão integral.

Samuel Escobar sobre a tarefa social da igreja.

Pode a igreja permanecer indiferente às injustiças ou ela tem algo a dizer e a fazer a respeito?

“Servir com os pobres na América latina.” 10 modelos de como fazer missão integral neste livro inspirado em Clade 4.

Outro livro, o melhor em inglês, a igreja frente às necessidades humanas. Uma relação mais estreita entre igrejas e ONGs.

“Rede Miquéias”. Miquéias 6.8 é um resumo da ética do A.T. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.”

No contexto do serviço, vamos compartindo o evangelho.

Ministério de harmonia em México.

Chamam o edifício de Centro comunitário, pois eles entendem que o edifício não é a igreja. E a comunidade sente que aquele lugar pertence a eles. Um grande impacto sobre aquela comunidade pobre que antes vivia do lixo. Uma pessoa da comunidade está se formando em direito, disse que está estudando para defender sua comunidade.

Num contexto de serviço se comparte o evangelho e a esperança Cristã.

Livro projeto de Deus e as necessidades humanas. Vários exemplos de como algumas igrejas com visão estão começando projetos de missão integral. Ex. projeto de micro-empresas.

Teologia da prosperidade se dedica a satisfazer as necessidades artificiais criadas pela sociedade de consumo. A igreja deve se dedicar a atender as necessidades básicas, tais como, comida, saúde, relacionamento social, teto, etc. Alguns pensam que os ricos têm mais necessidades básicas que os pobres. Pura bobagem. O rico precisa das mesmas calorias e da mesma quantidade de água que um pobre. TV, por exemplo, não é uma necessidade básica.

Is 58.6ss. jejum não é suficiente, pois o que Deus quer é justiça social e o repartir do pão. A relação da glória do Senhor e a satisfação das necessidades básicas. Pão para o faminto, teto para quem não tem teto...

Mt 25 – 31ss. – juízo das nações – quando Jesus retornar, ele vai julgar nos seguintes termos, “Recebam o reino porque tive fome e me deste de comer, sede e me deste de beber...” questões que tem a ver com o atendimento das necessidades básicas.

A base da missão é Deus mesmo. Nosso Deus é um Deus missionário. É um trino Deus. E cada aspecto do ensino do Deus trino é importante para missão. Veja o papel de cada pessoa da trindade׃ A missão começa com Deus pai, que é o agente emissário. O filho é o primeiro missionário, que foi enviado encarnacionalmente. O Espírito Santo continua e prolonga a missão por meio da igreja. A igreja é missionária num sentido derivado, pois é o Espírito Santo o grande missionário que usa e capacita a igreja para Missão.

A missão é sempre contextual. A intenção da missão permanece sempre a mesma, ou seja, a manifestação do seu Reino de amor e justiça, mas ela vai tomando forma de acordo com o contexto social e político. Varia com o tempo e com a situação. Neste sentido, a missão está em processo de transformação em busca de alcançar sua intenção de promover transformação.

Às vezes, não tomamos consciência de como estão mudando os tempos.

Quais são as circunstâncias mais destacadas e sobressalentes onde estamos fazendo missão agora? A Globalização tem tido conseqüências que afetam a evangelização e a missão da igreja? Quais? Desemprego, miséria, FMI pressionando para que se aumente as tarifas de serviços, tais como luz e água e que se corte o déficit...

Reflexão teológica precisa se contextualizar. Pensar na Palavra de Deus levando em consideração a situação concreta do cotidiano humano. Questão social, política e econômica.

Qual é o propósito de Deus para sua criação?

Deus não é um Deus tribal, interessado somente na igreja, mas é Deus das nações.

Os juízos contra Israel não se deveram apenas à idolatria, mas também às injustiças sociais.

Jesus quer oferecer vida plena para todos os seres humanos. Apesar da queda todos os seres humanos são portadores da imagem divina. É preciso se reconhecer que todo ser humano possui a imagem de Deus ainda que distorcida, para não se cometer pecado contra a dignidade humana, para não pisotear e explorar ou humilhar e enganar o próximo.

Fomos chamados para ser luz e bênção para todas as nações. Este é o propósito de Deus. Isto está ligado a nossa missão. Os benefícios da salvação são inseparáveis da missão.

Responsabilidade ecológica. Isto não é questão da nova era. A criação é boa, ainda que afetada pelo pecado. O propósito de Deus é reconciliar, em Cristo, todas as coisas consigo mesmo.
Dificuldades para Missão integral



Se vamos ter missão integral é necessário uma mudança radical que começa pela liderança.

Cremos que Jesus pode transformar a situação atual?

Como usar a Palavra como instrumento de mudança?

Confiar no poder de Deus para produzir mudança?

Os cristãos deixaram ser arrebatada de suas mãos, pelo marxismo, a bandeira da justiça social, pois tal bandeira é originária da tradição jucaico-cristã. Os profetas foram insistentes na critica aos poderosos que oprimiam.

Preocupação pelos pobres não é preocupação marxista é preocupação cristã.

Não vai haver mudanças na sociedade se a igreja não muda sua relação com a realidade e os desafios.

O que significa o evangelho nas questões de relação entre os povos?

O evangelho toca na política. Não podemos nos calar. Pois a política afeta o homem como um todo, que acabam sofrendo as conseqüências de uma má gestão política, principalmente, os pobres.

Desculpas teológicas estão ligadas à busca ou apego ao poder. A busca pelo poder é algo que se vê no mundo em todas as suas esferas. Mas o poder realmente reside em Deus. No entanto, o poder de Deus se manifesta não para oprimir, mas para libertar e para produzir uma vida plena.

Vamos falar sobre o poder, o poder de Deus que se manifestou em Jesus Cristo. Mas antes, eu tenho uma pergunta, quais são os obstáculos principais para missão integral na igreja?

Egoísmo, afã pelo poder, autoritarismo, clericalismo são alguns dos problemas teológicos e distorções que impedem a criação de uma base para missão integral.

Mais que uma crítica da igreja, precisamos fazer uma autocrítica, pois somos parte da igreja. Fazemos parte da liderança.

A igreja é comunidade do Reino de Deus no mundo sem ser do mundo. O que nos impede de estar no mundo?



1. Conceito errado do espiritual e da espiritualidade, pois se concebe a espiritualidade como algo separado da secularidade, mas de fato, a espiritualidade se expressa através da realidade. Não é separação do mundo, mas sim serviço de Deus em amor e justiça pelo poder do Espírito em meio aos conflitos deste mundo.
2. Conceito errado do Reino de Deus, algo como uma realidade futura. É certo que a Bíblia fala sobre o propósito de Deus de estabelecer seu reino de paz, mas não está no futuro, mas, sim, na expansão do reino que entrou na história através da pessoa e obra de Jesus. O Espírito Santo continua a obra hoje.
3. Conceito errado da obra de Jesus Cristo, restrito apenas a reconciliação do homem com Deus sem levar em conta sua dimensão horizontal. Ef 2.11-22. Derrubada a parede de separação entre judeus e gentios. Barreiras que separam os seres humanos. A barreira entre judeus e gentios era a maior barreira da época antiga.
4. Conceito errado da salvação. Lc 19, Zaqueu era um explorador dos pobres, que só queria acumular bens. Mudou de atitude. Devolveu o que roubou e deu muito mais. Jesus declara a salvação que se revelou em termos muito concretos na mudança radical de estilo de vida de Zaqueu. Uma mudança de valores. Quantos empresários mudam de atitude no dia em que se convertem.
5. Conceito errado da igreja. O que é igreja? Conceito errado de que são pessoas separadas do mundo. Pensasse em se fazer parte deste grupo privilegiado como um fim em si mesmo, mas não se dão contas de que este grupo tem uma missão.
6. Conceito errado da missão da igreja restrita a salvação de almas, perdão de pecados, que, de fato, é apenas parte da missão do Evangelho que tem como propósito maior o de criar uma nova humanidade para glória de Deus por meio do que a igreja é, faz e diz.



3 obstáculos que nos impedem de mostrar que não nos conformamos com o mundo:

Mundo no sentido de sistema organizado do mal que está em oposição a Deus. Trata-se dos poderes das trevas, como descrito em (1 Jo 2, Ef 6) o que é diferente do mundo em Jo 3.16 (humanidade).



1. Mundo como sistema maligno que devemos lutar contra, Ef 6.
2. condicionamento que o mundo exerce num sentido negativo. Rm 12.1-2. Não sejam conformados, pensem diferente.
3. A uma ideologia que penetra na cultura, que é sociedade de consumo. Os meios de comunicação são poderosos instrumentos para transmitir os valores da sociedade de consumo. Afeta a fé cristã que acaba se tornando um reflexo da sociedade de consumo. Teologia da prosperidade, interesse por números, grandes edifícios, entretenimento na igreja. A sociedade de consumo nos bombardeia continuamente. Uma igreja influenciada por tais valores não se interessa por missão integral, mas por mais gente, para conseguir mais gente, precisamos de um culto atrativo e um lugar maior e mais igrejas. Mas o que isto tem a ver com o propósito de Deus de transformar o mundo e formar o caráter cristão nas pessoas e com o discipulado cristão ou com o propósito de formar uma nova humanidade que experimenta a shalom de Deus? Não só evangelizar, mas também moralizar. Saturar a sociedade com valores dignos do Evangelho. A igreja, em vez de ser um termostato, acaba sendo um termômetro que reflete e se ajusta ao clima, só mostra o clima, mas não influencia o clima.

Como a igreja se faz presente na sociedade? Não somente pregando, mas atuando. Como as figuras caseiras do sal e da luz nos ensinam. O sal está presente para dar sabor, numa sopa, por exemplo, o sal dá sabor à sopa sem chamar a atenção para si. Dizemos, “que saborosa está a sopa!” e não, “que saboroso está o sal!” O mesmo em relação à luz. Dizemos que ambiente agradável e bonito, sendo que a luz está presente e fica em segundo plano. O mais importante é que a igreja exerça uma influência de transformação que muda valores e que mostre modelos de serviço, e que renuncie a busca de poder, o que requer discípulos formados segundo o ensino de Jesus. Precisamos ser fermento de Deus na sociedade.

Reino de Deus é a expressão que sintetiza o que foi dito acima. Deus reina. Ênfase num reino dinâmico. Seu domínio, governo e presença que se pode notar não só em Israel, mas em toda a terra, embora nem todas as nações o reconheçam como rei. Mas isto não nega a realidade de que Ele é o Rei verdadeiro. Falar de Deus como rei é falar de uma imagem de Deus. No antigo oriente a figura de Rei era a de um ser todo poderoso, quase como um semideus. Deus está entre os deuses; isto é menção aos reis da terra e não aos deuses do Olimpo. Ver por exemplo, o Salmo 82 , onde se diz que Deus preside o conselho presidencial׃ “Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento. Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. 4 Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos da terra. Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir. Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois a ti compete a herança de todas as nações.”

A missão da igreja está vinculada à missão que outrora foi dada a Israel de ser luz para as nações. Deveria haver teocracia e não hierarquia humana. Não deveria haver escravidão entre os judeus (embora houvesse permissão de escravizar os não judeus). Não deveria haver pobres entre os judeus. Havia uma série de disposições de não haver pobres. Todos deveriam ter acesso a terra. A terra era a riqueza. E não se concebia a possibilidade de haver uma família sem terra. E temos, em Lv 25, o Ano do Jubileu como um meio de propiciar a restauração da posse de sua terra que por uma catástrofe tivesse sido perdida. A perda não podia ser permanente. Era para ser uma nação em que reina a justiça e a verdade. Os reis deveriam reinar em nome de Deus, mas no final do livro dos Reis vemos que o povo de Israel experimenta um caos. Em 1 Samuel, cap 8. 1-10, vemos o surgimento da monarquia. Mostra a transição da teocracia para a monarquia. O resultado é trágico, pois rejeitaram a Deus como Rei. Corrupção, ambição por poder e dinheiro. Suborno e abuso de poder já com os filhos de Samuel. Perversão da justiça. Então surgiu a idéia׃ “vamos ter um rei”. Samuel não gostou da idéia, mas o povo protestava pedindo rei como as demais nações. Aqui se vê claramente a influência do mundo ao redor. Mas por que Deus permitiu que fosse a cabo o plano B, pois o plano A era a teocracia? Isto tem a ver com o caráter de Deus, que não força, ainda que tenha um plano superior, ele permite que o povo experimente o fracasso. Advertindo para o que significaria para o povo de Israel ter rei, como se pode ver nos versículos 10 em diante. Deus os advertiu dos perigos, mas não quis impor sua vontade pela força. Concentração de riquezas, concentração de poder, surge a corte, começa um sistema de classes e se institucionaliza a injustiça. É neste contexto de monarquia que surgem os profetas.

1 Tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel.

2 O primogênito chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba.

3 Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito.

4 Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá,

5 e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.

6 Porém esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos governe. Então, Samuel orou ao SENHOR.

7 Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele.

8 Segundo todas as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me deixou, e a outros deuses serviu, assim também o faz a ti.

9 Agora, pois, atende à sua voz, porém adverte-o solenemente e explica-lhe qual será o direito do rei que houver de reinar sobre ele.

10 Referiu Samuel todas as palavras do SENHOR ao povo, que lhe pedia um rei,

11 e disse: Este será o direito do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará no serviço dos seus carros e como seus cavaleiros, para que corram adiante deles;

12 e os porá uns por capitães de mil e capitães de cinqüenta; outros para lavrarem os seus campos e ceifarem as suas messes; e outros para fabricarem suas armas de guerra e o aparelhamento de seus carros.

13 Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.

14 Tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e o dará aos seus servidores.

15 As vossas sementeiras e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus servidores.

16 Também tomará os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos e os empregará no seu trabalho.

17 Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos.

18 Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido; mas o SENHOR não vos ouvirá naquele dia.

19 Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e disse: Não! Mas teremos um rei sobre nós.

20 Para que sejamos também como todas as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras.

21 Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu perante o SENHOR.

22 Então, o SENHOR disse a Samuel: Atende à sua voz e estabelece-lhe um rei. Samuel disse aos filhos de Israel: Volte cada um para sua cidade.



Ministério profético



Num contexto de monarquia, como vimos, é que surgem os profetas com uma mensagem de justiça e não apenas de amor. Fala da justiça conforme a lei de Moisés que falava de justiça e igualdade. Uma retomada da posição de fé. A função dos profetas era a de imaginar um novo mundo em que fosse restaurado o propósito de Deus.

Os profetas se atreveram imaginar a restauração dos propósitos de Deus. Eles faziam uma critica social que se destinava especialmente aos líderes do povo. Exemplo em Isaías, Cap. 1.17, “Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse.

21 Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela, que estava cheia de justiça! Nela, habitava a retidão, mas, agora, homicidas. A tua prata se tornou em escórias, o teu licor se misturou com água. Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não defendem o direito do órfão, e não chega perante eles à causa das viúvas.

O profeta fala contra a liderança corrompida. Fala em favor dos débeis aqui simbolizados pelas viúvas, órfãos e estrangeiros. Os que não tem maneira de defender-se. Os que são objeto de injustiça. Os reis deveriam estar procurando a justiça especialmente em relação aos fracos que não tem ninguém por sua defesa. Esta deveria ser a responsabilidade central de qualquer governo. Estabelecer a justiça. Mas... Os governantes abusam do poder.

Is 5.8 – fala contra o acumulo de riqueza, casa e mais casas, campos e mais campos e não deixam lugar para ninguém mais. Apossaram-se de tudo. O que torna indispensável a reforma agrária.

Is 5.23 – Não só os reis comentem injustiça. Há juízes injustos. Impunidade instituída. Suborno. Negam os direitos aos indefesos e fracos que não tem como pagar.

Precisamos nos conscientizar que o AT tem uma preocupação com a justiça de Deus. Pois Deus ama e demanda a justiça. Correção do que está mal. Os que detêm o poder têm também a responsabilidade de estabelecer justiça.

Is 10.1-2 – Poder Legislativo que dita leis que protegem os poderosos. Editos opressivos. Hoje estão acabando com leis que protegiam os trabalhadores. Aumento dos salários dos poderosos em detrimento do salário dos trabalhadores comuns. Ainda que um presidente tenha boas intenções, fica de mãos atadas por um congresso que legisla a serviço das grandes corporações.

Miquéias 2.1-2 - denuncia do abuso de poder. 3.1-3 – ênfase na crítica aos poderosos. Imagem forte da exploração. Comem vivos. Os profetas não falavam com rodeios. Falavam duro, denunciando a injustiça cometida pelos governantes e líderes perversos. 3.9-11 – governantes que odeiam a justiça. Profetas que advinham por dinheiro. Usam Deus como justificativa. Profetas da teologia de prosperidade que só dizem que tudo está bem que o sistema é magnífico e que vocês podem também ser ricos como eu. Miquéias 7.2-4 – injustiça está institucionalizada e permeia toda a sociedade incluindo os falsos sacerdotes e profetas que visam buscar riqueza para si mesmo.

Marx, quando quis uma visão de futuro, recorreu a certas passagens do AT, como por exemplo, passagens do livro de Isaías. Era um sonho de justiça que não vinham do diabo. Utopia? (Questionamos os métodos, mas não o ideal de justiça) Isto é o que Deus quer, um mundo de justiça. A isto estava destinado o povo de Israel: ser luz para as nações. Mas com a monarquia isto se perde e os profetas se levantam em busca da restauração do sonho.

Utopia profética

Is 9.7 – Aumente governo e paz e justiça sem fim. O zelo do Senhor do Exércitos fará isto. 11,1-9 – não julgará pela aparência, mas com retidão e justiça em favor dos pobres, a retidão será faixa do seu peito e haverá paz e harmonia entre leão e ovelha e a criança brincará com a cobra. Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor como as águas cobrem o mar. Não edificarão para que outros habitem e meus eleitos desfrutaram das obras de suas mãos e não trabalharam em vão. O lobo e o cordeiro pastaram juntos, não se fará mal nem dano algum no meu santo monte. Utopia profética!

Salmo 72 – Aspiração messiânica. Qualidades desejáveis para o Rei e qual deveria ser sua tarefa. O que o senhor quer do Rei? Vamos ler todo o salmo. Quais são as características do reinado de Deus, pois são as características do reino de Deus. Abundância de bens para o bem comum. Um reinado de justiça e paz sobre todas as nações e que não tem fim. Que todas as nações o sirvam pois ele tem piedade do necessitado e redime a alma da opressão e da violência. Da sua glória se encha toda a terra. Este era o Messias que se esperava no AT, que estabelecerá um reinado de justiça e paz sobre todas as nações para sempre. Isto transcende a um monarca terreal, não pode ser um homem. É mais que um homem. É o reino de Deus. Opção preferencial de Deus pelos pobres.

Há vários tipos de justiça. Justiça distributiva, igualdade. Justiça retributiva de acordo com seu merecimento. Justiça punitiva. Justiça corretiva. Fazer justiça aos pobres. (72 v.2). Justiça corretiva aos pobres. Esta é a ênfase do AT: Os desvalidos. Pobres economicamente, incapazes de satisfazer suas necessidades básicas, pobres em poder e em oportunidades.

Sl 146. Não ponham suas esperanças nos que são mortais. Bem aventurado quem tem esperança naquele que criou o céu e a terra e que faz justiça aos oprimidos e liberta os encarcerados, ampara o peregrino, o órfão e a viúva e que reina para sempre. Um Deus de justiça. Reinado de Deus aqui e agora.

Nossa aspiração de justiça não é mera aspiração humana, mas está conjugada a justiça de Deus. Amor e justiça de Deus são os dois pilares da ética. Nós nos especializamos em falar de amor e nos esquecemos da justiça. O amor se expressa na sociedade em termos de luta pela justiça. Nas bem-aventuranças não se diz: bem-aventurado os que estão cheios de amor, mas, sim, os que têm fome e sede de justiça. Nosso afã pela justiça tem raízes em Deus mesmo.

Não se pode dividir a vida cristã entre a vida privada e a vida publica. Perigo׃ Idéia de que o Evangelho não teria nada a ver com o que acontece na sociedade. O indivíduo deveria se preocupar apenas com sua integridade pessoal e não se meter em assuntos de justiça social.

Entramos no NT num ambiente de expectativa messiânica. Lucas informa algo que não aparece nos outros evangelhos como o cântico de Maria. É um cântico revolucionário. Se não estivesse na Bíblia, alguém poderia dizer que esta senhora que o compôs era marxista! Fala em tempo passado!!! Ação cumprida!!! Já dá por certo! Vivemos o momento do cumprimento da era messiânica! Um reino ao revés que vai mudar tudo. Os poderosos serão humilhados e os humildes exaltados. Existe alguma relação entre o ministério de Cristo e as aspirações messiânicas Macabeas que se vêem no cântico de Maria?

O mesmo se vê no cântico de Zacarias. Lucas faz questão de dizer que isto se dá num contexto secular do governo de Augusto César.

Os primeiros a receberem o anúncio do nascimento são os humildes pastores, que se regozijam com o anuncio dos anjos!

Tentação de Jesus. Lc 4. Tentação política. 3 únicos tipos de tentação possíveis. Pode verificar para ver se não é assim. Sexo, dinheiro e poder. A autoridade e o poder pertencem a Deus. Satanás mentiu dizendo que é o dono do poder e que poderia dá-lo a quem quisesse. Livro “a política de Jesus” fala sobre a tentação do poder. Por que Jesus não escolheu o caminho do poder? Porque não só apenas se espera a vinda do Messias, mas esperavam que ele tivesse o poder político.

Nos 3 Evangelhos sinóticos se fala sobre o segredo messiânico de Jesus. Somente na entrada triunfal é que foi declarada abertamente a idéia de Jesus como Messias. Quem dizem os homens que eu sou? A resposta foi: “um profeta”, pois esta era a interpretação mais comum. “E vocês, o que pensam que eu sou?” Aí vem a confissão apostólica. Qual é a resposta de Jesus? IGREJA QUE VENCE AS PORTAS DO INFERNO. Sim, Jesus deve ser reconhecido como o Messias!

Discurso programático de Jesus na sinagoga de Nazaré. Lc 4.14-21 (Is 61), O Espírito do Senhor me ungiu (afirmação messiânica)... (Funções de Sacerdote, profeta e Rei)... Para libertar os oprimidos, curar os cegos, tanto de modo literal como espiritual. Redenção ampla. Aparece uma frase que não está em Is 61, mas que está em Is 58 “por em liberdade aos oprimidos”. Qual é o verdadeiro jejum, senão colocar em liberdade o oprimido! Lucas falou de modo a expressar o momento dramático, pois Cristo fechou a Bíblia e se sentou, e o povo ficou espantado. Esta foi uma afirmação dramática. Pois diz, hoje se cumpriu esta profecia. Há muito debate sobre o Reino de Deus.

Os dispensacionalistas apregoam que o reino foi adiado por causa da rejeição de Israel. Para eles Jesus fracassou em seu intento de restaurar o Reino a Israel, pois Israel não o recebeu como Messias, sendo assim, para eles, o relógio profético teria sido parado e o reino adiado para o futuro no milênio após a Segunda Vinda de Cristo. Já Sweitzer foi mais longe ainda ao dizer que Jesus se equivocou pois esperava o reino e o que sucedeu foi a igreja. Enquanto isto, Dodd falou de escatologia realizada, afirmando que o coração da teologia neotestamentária está na palavra “Já”, o problema foi não ter dado muito espaço para os aspectos do reino relacionados a esperança futura.

De fato, o “já” é a ênfase do NT, é claro que não na sua plenitude. Há algo reservado para o futuro. O que encontramos no NT é uma tensão escatológica entre já e ainda não. O Reino já invadiu a história e se fez presente na pessoa e obra de Jesus, mas ainda conservamos uma esperança futura de plenitude. Vivemos em esperança!

Você é salvo? Em que tempo da salvação? Pois a Bíblia fala de salvação em 3 tempos: passado, presente e futuro. Somos salvos: passado, como algo já realizado e cumprido, como vemos em Ef 2.8. Mas em 1 Co 1.18, se diz que “estamos sendo salvos” “estão salvando-se”, referindo-se a nossa salvação como um processo que se desenvolve no presente. E, em 1 Pe 1.3-5, lemos: “vida de esperança, mediante a ressurreição, para a salvação preparada para revelar-se no último dia”. Salvação plena! Que inclui o corpo. Ressurreição do corpo. A mensagem de Cristo afeta a vida presente em todas as suas dimensões e tem a ver com o cumprimento do Reino aqui e agora, não na sua plenitude, pois Deus não terminou sua obra em nós. Ele completará sua obra em nós e na criação. Está em processo! Salvação e Reino seguem o mesmo padrão.

A pergunta é o que Jesus lucrou com o Reino. A melhor exegese sobre o sermão de Jesus em Lc 4 tem sua resposta em todo restante do livro, que conta como é que se deu o cumprimento de sua afirmação. Não foi com uma revolução armada. O que é então que restou do que foi dito? O Evangelho de Lucas é denominado evangelho dos pobres. Conceito de missão do Evangelho Lucas e o Livro de Atos. Ênfase nos pobres, mulheres crianças e desvalidos e setores prestigiados na cultura judaica, é o único evangelho que fala da parábola do bom samaritano. Bom samaritano como exemplo do que significa amar o próximo. “boas novas aos pobres”, vinculada a expressões que aparecem vez após vez no AT “Deus fará justiça aos pobres”. Lc 7. 18-23, sinal do Messias: cura para enfermos, cegos, mortos são ressuscitados e boas novas aos pobres. João está numa crise de fé e questiona. Por que faz esta pergunta? Não tinha sido ele o precursor do Messias? E, agora, esta pergunta: “é realmente este o Messias”? A razão de seu questionamento tem a ver com suas expectativas, pois o que estava acontecendo não era exatamente o que ele esperava, pois esperava que Jesus estabelecesse o seu trono em Jerusalém e restaurasse a glória dos tempos do rei Davi. Agora, ele, João, se vê no cárcere. Mas qual é a resposta de Jesus? Primeiro, agiu e depois, falou. Qual é a ação e quem é que se beneficia da ação? Os pobres! A escória da sociedade: cegos, coxos, surdos, pobres...

Vá conte a João o que vocês viram e ouviram! Missão integral! Não só falar, mas fazer para que possa ser visto!

Por que se diz: “boas novas para os pobres” e não “boas novas para todos”? Jesus desejava o poder político como uma tentação, mas não aceita a proposta e passa a se dedicar a um ministério especialmente, não exclusivamente, dedicado aos pobres.

Precisamos fazer uma interpretação histórica da morte de Jesus. A ressurreição de Jesus foi um desenlace de todo o complô contra ele. Complô este de características políticas. Acusação política׃ se diz rei e quer o lugar de César. O levam a Pilatos. Poderiam tê-lo julgado, alegando blasfêmia, e teriam autoridade para apedrejá-lo, mas preferiram acusá-lo politicamente. Que conceito há acerca de Jesus no povo de Israel? (Jo 7), João 11.45-52, “medo de que todos viessem a crer em Jesus e viessem a perder o poder”. Conspiração de caráter político contra Jesus. Jesus não foi para a cruz tão somente por ter dito que era o Filho de Deus, mas por questões políticas. O que significa ser promotor de justiça no mundo hoje em dia? Uma das bem-aventuranças diz respeito aos que são perseguidos por causa da justiça e que tem fome e sede de justiça. Precisamos levar a sério a mensagem de justiça. A busca pela justiça está na essência de nossa missão. Como nos identificamos com a causa da justiça, como unimos nossa mensagem de amor com a mensagem de justiça que estão nas mesmas Escrituras?
Cristologia Integral



Vimos o ministério de Cristo como cumprimento das profecias do AT na parte da manhã.

Temos posto muita ênfase na morte substitutiva de Jesus e pouca ênfase em seu ensino e estilo de vida. Nos credos não se deu a devida importância a vida e ministério de Cristo como modelo para nós. Necessitamos uma cristologia integral, que faça justiça a todos os aspectos do cristianismo. Em “Rostos do cristianismo na América Latina”, Bonino diz que nossa cristologia como evangélicos no geral é subjetivista, o que não nos deixa base para uma missão integral. É importante conhecer a Jesus pessoalmente, mas qual era mesmo o objetivo da mensagem de Jesus? Jesus ressuscitou ou não ressuscitou? É ou não é Senhor da história?

Mc 1.14 e 15 – Pregando as boas novas dizendo, “O tempo está cumprido e o Reino está próximo” – o anuncio se dá publicamente numa praça, a boa notícia tem que ver com o nascimento de um príncipe de Deus, um triunfo de uma guerra, uma notícia de interesse público, não é um anuncio religioso, mas que afeta a vida de todos. Jesus não veio estabelecer uma religião. Seu anúncio afirma que o Reino de Deus tem chegado. Fala de uma nova era caracterizada por paz e justiça que abarca todas as nações. Mas as expectativas dos discípulos eram de que Jesus estabelece um reino regional, judio, trono de Davi. Mas Jesus não veio para ocupar o trono de Davi, ele não é o rei de Israel tão somente, ele é o rei dos reis! No batismo de Jesus há uma voz que vem do céu e diz “este é o meu filho amado em que tenho todo prazer”. O batismo de Jesus indica sua identificação com os pecadores por ser de arrependimento. Mas aparece esta menção de que ele é o Filho amado em quem Deus tem todo prazer. No AT filho amado é o servo sofredor e em Mc 10.45, que alguns chamam de resumo do Evangelho de Marcos. O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos. Figura de Filho do Homem no NT se deriva de Daniel 7, que era uma figura messiânica bem poderosa, que viria de modo glorioso e triunfante. Aqui em Mc vemos a síntese da figura gloriosa do filho do homem e da figura do Servo Sofredor. Isto está no coração mesmo da mensagem do Evangelho. Isto foi o que, a princípio, os discípulos de Jesus não entenderam.

Mt 16.13-20 – é aqui que aparece pela primeira vez o termo Messias ou Cristo, num momento de popularidade de Jesus. Confissão de Pedro em nome de todos os apóstolos. Segredo messiânico, pois Jesus disse que não deveriam dizer isto a ninguém naquele tempo. Pedro soube disto por revelação do Espírito. A coisa, até então, não estavam muito claras para eles. V.21 a 23 – é a partir daquele momento que Jesus começa a falar sobre sua missão de cruz e servo sofredor. Pedro, chocado, por possuir uma visão errada sobre o messias, não entendo nada sobre o propósito de Deus para Jesus como servo sofredor. Como Jesus vai se manifestar como messias. Ele não veio para estabelecer seu trono em Jerusalém e para restaurar a glória de Davi, mas que o Messias precisaria ser crucificado. O Filho do Homem seria também o Servo Sofredor. O Cristo Crucificado. O Messias não estaria num trono em Jerusalém, mas numa cruz. Seria rechaçado pelo establishment judio. Sua coroa seria de espinhos! Isto frustrou as aspirações messiânicas dos discípulos naquele momento.

Mc 10.35-45, Jesus recebe pedido de dois discípulos para estarem em posição de autoridade especial. Almejavam o poder, primeiro ministro e secretário geral. Não apenas Tiago e João, mas os demais também tinham ambição pelo poder, pois ficaram chateados. Aqui, Jesus afirma, mais uma vez, que ele é ao mesmo tempo o Filho do homem e o servo sofredor, que veio para dar a sua vida. Cálice e batismo. Não há participação no Reino de Deus sem participação como servo sofredor. Pois este Rei ascende ao trono através do sofrimento na cruz. Aquele que quiser ser o maior terá que ser o servo de todos. Jesus despreza o modelo comum onde os maiores dominam sobre os pequenos. A cristologia que não leva em conta a identificação do messias com o servo sofredor é uma cristologia incompleta e insuficiente, pois o chamado de Cristo não é para exercer o poder através do medo e do autoritarismo, mas um chamado a servir. E somente na medida em que aprendemos a servir é que estamos em condições de participar realmente do seu reino. Se formos, de fato, seguidores de Cristo, aprenderemos a servir, que é uma manifestação de amor aos outros e que não busca o bem de quem serve, mas o bem de quem é servido. Necessitamos uma base teológica para a missão integral. E esta base é uma teologia que leva em conta o ministério integral de Cristo e a cruz. Jesus não serviu para ser popular e para ser servido pelos demais, mas por amor e compaixão.

Necessitamos recuperar a visão de um Evangelho Integral. E não há Evangelho integral se não levarmos em conta todos os eventos do ministério de Cristo. Ver o último capítulo de Bosh, Missão transformadora. A missão não é só transformadora, mas é também transformada. Missão em transformação. Não podemos separar a alma do corpo e nem o espírito de alma. O ser humano é um ser único. A Unidade do ser humano. Enfermidades psicossomáticas já é uma expressão que reconhece a íntima relação e a unidade esistente entre as diferentes dimensões do ser humano.

Shalom é um dos termos mais ricos do AT. A melhor tradução seria: ter vida em abundância proveniente da harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. A igreja é a continuação da missão encarnacional de Jesus Cristo.

John Perkins, fundador da Calvary Church, uma igreja com missão integral.

3 palavras chaves׃ 1.Nossa visão tem que ser de encarnação, compartilhar a vida dos necessitados. Testemunho encarnacional. Identificação. 2. Reconciliação de gente com dinheiro e gente pobre; 3. Redistribuição de recursos e oportunidades.

Precisamos por Jesus em prática. 1 Jo 2.3-6 – guardar os mandamentos e andar como ele andou é o sinal do verdadeiro crente. Permanecer nele é a chave para o serviço cristão. Quem está em Cristo dá muito fruto (Jo 15), e não pára por aí, pois também é dito que quem diz que está nele deve viver como ele viveu. Um estilo de vida que reflete a Jesus.

Precisamos examinar a vida de Jesus. Como viveu sua visão e missão e que elementos incluía sua missão.

Mt 9.35ss descreve o ministério de Jesus de forma sintética. Temos aqui um resumo de tudo que envolvia seu ministério. Indo por toda parte, ensinando, curando, com compaixão. Ministério itinerante. De povo em povo e de aldeia em aldeia. Anunciando as boas novas do reino e sarando toda enfermidade. Não só pregando, mas ensinando. Não só pregando e ensinando, mas curando e atendendo as necessidades físicas e mentais dos carentes. Missão integral. Motivação׃ Compaixão! Pois via as multidões desamparadas como ovelhas sem pastor. Ezequiel 34 – profetiza contra os pastores de Israel dizendo: ai dos pastores que se apascentam a si mesmos, a fraca não fortaleceste, mas dominai sobre elas. V 10 – Visto que minhas ovelhas foram entregues as rapinas... Estou contra os pastores e porei termo no seu pastoreio para que não se apascentem a si mesmo. Pastores ocupados a apascentar a si mesmos. Mercenários! Veja o v. 16, que fala do ministério de Deus como verdadeiro pastor que tem missão integral! O texto todo fala de multidão, que estão desamparadas e golpeadas, como ovelhas sem pastor. O que mais falta nas comunidades pobres são líderes que se ocupem das ovelhas e lhes dêem direção! (Mas temos muitos líderes brigando por espaço dentro da estrutura da igreja local que poderiam adquirir uma consciência social para ajudar comunidades pobres. Comentário meu)

A morte de Jesus Cristo

A cruz nos ensina que não devemos esperar que tudo nos vá bem. Não devemos esperar ter êxito em tudo.

Padilla contou a experiência de quando sua igreja começou a trabalhar com pessoas viciadas em drogas, dizendo que nem todos ficaram contentes com isto. Principalmente 5 pessoas da liderança, que eram os maiores dizimistas. Acusaram o pastor de ser comunismo e apresentaram como prova os poemas escritos sobre meninos de rua pobres. Teve que aprender o significado de ser fiel ao Evangelho de Jesus Cristo. Sofreu muito com toda a situação que se desencadeou.

Queremos um testemunho encarnacional, que não separe a cruz do ministério da igreja. A cruz não é apenas questão do passado. O discipulado exige que levemos a nossa própria cruz a cada dia. A missão de Deus se prolonga em nós à medida que aprendemos o caminho da cruz, isto requer sacrifício.

A cruz é o tema central de nossa identificação com Cristo. Queremos participar de seu reino, então, participemos de seu sacrifício. Pois os cristãos são seguidores do Messias crucificado. Paulo disse que não pregava outra coisa, senão: o messias crucificado. O Messias (REI) que não busca o poder para dominar os demais. O que significa o que Paulo disse a respeito de a cruz ser loucura para os gregos?

A ressurreição de Jesus ensina que Deus tem a última palavra. É o Triunfo do amor e da vida. Ef 1.15ss. Cumprido, tudo está debaixo dos seus pés. Exaltado sobre todos. Na ressurreição de Jesus já foi manifesto o seu poder universal. Ele ora para que este mesmo poder se manifeste nos seguidores de Jesus Cristo. Rm 8. Deus submeteu todas as coisas a Cristo e o deu como cabeça de todas as coisas a igreja. A igreja é esta comunidade que reconhece que Jesus é o Senhor de todos e que vive para servir a Deus neste mundo, continuando a missão daquele que é o cabeça.

Esperança Cristã na segunda vinda de Cristo. O triunfo final de Deus.

Cada elemento salvífico é importante para a missão integral da igreja. Cristo encarnado que vive no meio dos homens, Cristo crucificado, ressuscitado, exaltado e que vai retornar.

As implicações sociais da cruz, pois sem cruz não há discipulado. Cristo no chama a ser seus discípulos e isto significa que ele nos chama para sermos crucificados. Precisamos experimentar sua morte para então podermos experimentar o poder de sua ressurreição.

Façamos uso dos instrumentos que podem ser úteis na cultura, mas não sejamos escravos.
Trindade e Missão integral
Espírito Santo e Missão Integral
Espírito Santo e a criação

No AT, o Espírito Santo aparece já no segundo versículo de Gênesis. O verbo indica que o Espírito Santo estava como que chocando ou incubando, tendo uma participação ativa na criação. E, no Evangelho de João, vemos a relação de Gênesis com a doutrina da encarnação. Observe o papel da trindade na criação. Precisamos recuperar o ensino de que o Espírito Santo estava e está ativo na criação e não somente na igreja! Ninguém pode conhecer a Deus sem a ação do Espírito no Mundo. Restringimos demasiadamente a ação do Espírito a esfera da igreja. João 16.5-11, o Espírito Santo atua no mundo para convencimento. Ação do Espírito Santo em relação à vida humana. A teologia tem uma dívida neste campo do ministério do Espírito Santo. No Brasil, não há muita reflexão sobre o tema. O Espírito Santo é mediador entre a ação de Deus e a criação e a história humana. Rm 8, O Espírito Santo é aquele que aperfeiçoa toda a criação. Não diz respeito apenas aos seres humanos, mas a totalidade da criação. A criação geme, porque deseja ser libertada da escravidão. Em que sentido está a criação de Deus escravizada. Isto nos remete a Gênesis 3. Shalom significa harmonia com Deus, com o próximo e com a criação. O efeito da queda afetou estas 3 dimensões da relação humana. Gn 3.16, não é prescritivo, mas descritivo. O texto que diz que o homem vai dominar sobre a mulher é conseqüência da queda, pois não era assim, isto foi uma ruptura da relação entre o homem e a mulher. Depois se diz que maldita seria a terra por culpa humana. Rm 8, a terra foi submetida à vaidade ou frustração, sofrendo as conseqüências da queda. O Espírito Santo atua para a libertação da Criação, visando já um novo céu e uma nova terra onde habita a justiça. Deus está aperfeiçoando a sua obra por meio do seu Espírito.
Espírito Santo e a vida e ministério de Jesus Cristo

Jesus é descrito como alguém que é pleno do Espírito Santo. O Evangelho de Lucas, principalmente nos primeiros capítulos, estabelece a estreita relação do Espírito Santo com o ministério de Cristo. Até na tentação, vemos a participação do Espírito Santo. Jesus foi levado para o deserto pelo Espírito Santo e, pelo Espírito Santo, foi que Jesus rechaçou a tentação. Em seguida, Jesus volta para a Galiléia no poder do Espírito e outra referência no sermão inaugural de Cristo (Lc4). Unção do Espírito Santo sobre Jesus. Quais as evidências da unção do Espírito Santo em Jesus? E hoje, o que pensam a respeito? Parêntesis para falar sobre sinais e evidências da ação do Espírito Santo. Mt 7.21-23, o texto diz que, no juízo, muitos alegarão terem feito sinais, mas de fato serão revelados como praticadores do mal. Tais sinais ali registrados não são sinais da unção, pois é possível fazer milagres fora do contexto da relação com Deus. Mt 12.22-28, Jesus afirma que judeus não cristãos também expulsavam demônios, mas por que Espírito? O Espírito Santo não é o único espírito que está atuando no mundo. Então, quais são as evidências inconfundíveis da ação do Espírito Santo? Milagres isolados não servem, é preciso saber qual é o caráter de quem está atuando e a quem é dada a glória no final das contas. O importante não é “cair”, o importante é caminhar no Espírito, como lemos em Gálatas 5.

A maior obra do Espírito é transformar cada cristão na imagem de Cristo, para que sirvam ao propósito de refletir a glória de Deus na sociedade. Em Jesus, qual foi o efeito da unção do ES? Não se diz que Jesus caiu, mas, sim, que foi ungido para dar boas novas para os pobres, libertar os cativos e dar vistas aos cegos. Mt 12 mostra o Reino de Deus chegando através da presença dinâmica do ES. O Reino de Deus em ação. Pois o Reino não é um lugar, é o poder do Espírito em ação para transformar a vida humana segundo sua justiça. Relação íntima entre o Espírito de Deus e o Reino de Deus.

“Voz(s)” artigo 1910, mostra a relação íntima entre Escatologia e Espírito Santo. Em Cristo Jesus o Reino está presente na história. A ação do Espírito Santo torna possível a presença do Reino de Deus. Faz dá igreja uma testemunha viva do seu Reino, dando esperança num mundo de desesperança.

Relação da Grande Comissão e o Espírito de Deus é explícita. Jo 20.19.23, recebam o Espírito Santo e em seguida comunica a missão. Por meio da proclamação do Evangelho, a gente experimenta o perdão dos pecados. Lc 24.36-49, evangelização e Espírito Santo. At 1, merece cuidadoso estudo, pois introduz o tema do Espírito Santo em estreita relação com tudo que vai acontecer no decorrer da história da igreja primitiva. Um resumo de tudo que vem a seguir. A coluna vertebral de todo o Livro de Atos. Interessante como Lucas começa o livro de Atos, fazendo menção ao Evangelho dizendo como foi que Jesus começou... o que implica em continuidade, agora, através da igreja pelo poder do Espírito Santo. A igreja não é a encarnação de Jesus, mas é a continuadora de seu ministério pelo poder do Seu Espírito. A intenção de Deus é de que tudo o que a igreja venha a fazer seja a continuação da obra de Jesus. É uma promessa mais que um mandamento, quando vier o Espírito Santo, vocês receberão poder. Poder que atua na história, poder que transforma. A era do Espírito Santo é a era da igreja até a segunda-vinda. Missão entre os dois tempos das vindas de Jesus Cristo.

Lc 17 – Joachim Jeremias disse que não há nenhuma base para se falar de uma subjetivização do Reino de Deus. A melhor tradução não é dentro de vocês, mas sim entre vocês. Dêem-se conta de que o Reino está presente entre vocês!

Lc 9.51 à Jesus é uma figura popular, as multidões o seguem e, no caminho para Jerusalém, acontecem muitas coisas (veja como começa o cap 14.25). Mas, quem não toma a cruz, não pode ser seu discípulo. Não está buscando uma multidão de seguidores, mas sim de discípulos que aceitem o preço do discipulado. A multidão que entra com ele em Jerusalém é proveniente da Galiléia. Os planos de Jesus foram frustrados? Alguns (os dispensacionalistas, por exemplo) dizem que sim, falando que ele posterga o reino por causa da rejeição dos judeus. Em At 1, temos a questão: é a hora de restaurar o Reino da Israel? Note que a resposta de Jesus fala que eles receberiam poder por obra do Espírito Santo e é assim que se daria a manifestação do Reino de Deus. O Espírito Santo em ação em parceria com a igreja. O livro de Atos fala muito do Espírito Santo, principalmente nos primeiros capítulos.

O início da evangelização dos gentios é de total iniciativa do Espírito Santo tanto no caso do Etíope como no de Cornélio. Até mesmo em coisas corriqueiras, At 6, preocupação com os que têm problemas econômicos. Resposta dos Apóstolos: Divisão de trabalho, delegação. Quais são os requisitos para os diáconos que atenderiam as mesas? Nós teríamos escolhido 7 mulheres... Ou apenas nos preocuparíamos com critérios técnicos. Mas é necessário que sejam cheios do Espírito Santo ainda que seja para o serviço das mesas.

At 2 à um dos sinais foi que as pessoas de diversas partes do mundo podiam entender a mensagem em sua própria língua materna. Isto fala do propósito universal da missão. A intenção de Deus envolve todas as nações.

At 8.1-3 àGrande perseguição que torna possível a difusão do Evangelho. At 11.19-21 à alcançaram outros lugares do mundo, até os gentios, Antioquia.

A expressão “Senhor Jesus” substituiu a expressão “Reino de Deus” nos escritos de Paulo. “Senhor” aparece 500 vezes nos escritos de Paulo e Reino de Deus, tão comum nos Evangelhos, aparece apenas 7 vezes. A razão para isto é que Paulo se dirigia a um cristianismo helenizado. Paulo diz que o Senhor está a destra da majestade nas alturas. Como Jesus exerce sua soberania? Exerce pela ação do Espírito Santo. Não é a soberania de um monarca arbitrário, mas a de um Messias ou Rei crucificado. 1 Cor 2.1-5 à Me propus nada saber senão Jesus crucificado. Tempo perfeito, que ressalta que “está crucificado”, (tempo presente), dizendo que Jesus exerce seu poder através de um estilo caracterizado pela cruz. Ap 5 à João está afligido com o que vai se passar com o Livro da História. Leão de Judá é uma referência ao Rei Messiânico. Leão fala de força e poder, mas vemos que este Leão se apresenta como um cordeiro como tendo sido morto, que parecia ter sido sacrificado, mas que está de pé. De novo o tempo perfeito, sinalizando que foi crucificado e permanece crucificado e como Messias crucificado, reina! Todos se prostram diante do cordeiro. Leão vence e reina como cordeiro. Este Rei continua agindo com respeito ao bater na porta do coração. Ele não quer conquistar pelas armas. Entrou em Jerusalém montado num jumentinho. Devemos tomar cuidado com terminologia ufanistas e soberbas tais como conquistas, cruzadas... A conquista do Evangelho é a conquista através do amor, que visa persuadir o mundo e não a de subjugar pela força, não ao estilo militar. Atentar para o fruto do Espírito.

Por meio das perseguições os judeus são dispersos e se começa a igreja de Antioquia.

At 16.6-13 à Impedidos pelo Espírito de ir para determinado lugar e os conduziu por visão a Macedônia. Direção do Espírito.

At 13 à Envio para missão também era obra de Deus. Escolha dos líderes também. Espírito da Missão, também dirige a missão.

At 15 – maior problema teológico da igreja primitiva era aquele que dizia respeito ao relacionamento dos judeus com gentios. O próprio Pedro custou a entender que os gentios estavam incluídos no propósito de Deus. Evangelho e cultura. É preciso discernir o que é Evangelho e o que é simplesmente cultural. Cantar canções cristãs nos ritmos brasileiros. Importamos a planta, mas podemos mudar o vaso. Gálatas, é a carta mais recente de Paulo, e defende a liberdade em Cristo Jesus. Liberdade para usar formas diferentes, liturgia diferente.

Livro à Set Free – servos livres, Emílio casto.

Devemos ser sensíveis à situação, a cultura, a aqueles que queremos alcançar e deixar que o Espírito de Deus que nos dirija. Mas existem certas constantes como o evangelista precisa primeiro ser crucificado, espírito de humildade, fidelidade bíblica. A forma depende das circunstâncias.

Às vezes, nossa teologia é muito melhor do que nossa prática e, às vezes, nossa teologia é fraca, no entanto, existe prática. O ideal é unir as duas coisas.

Os dispensacionalistas dizem que Jesus falhou no seu intento de implantar o Reino, que foi adiado para depois da segunda vinda.

Fazer parcerias com todos que estão trabalhando para o bem. Apoiar todas as iniciativas que defendem os direitos das pessoas. Direitos humanos. Alimentar os famintos. Defender as crianças.

Wesley é um pregador com consciência social. E muitos que se converteram no tempo de Wesley, desenvolveram uma consciência social. Wilbeforce discípulo de Wesley, influenciado por esta consciência social, ousou lutar contra a milenar escravatura conseguindo depois de anos fazer com que a Inglaterra fosse o primeiro país a proclamar a abolição dos Escravos, o que influenciou todo o mundo. (A última carta de Wesley antes de sua morte, foi exatamente para Wilbeforce incentivando-o a manter-se firme na luta contra escravidão.) Wesley também lutou contra o trabalho infantil...

Gálatas 5, Notar um paralelo: frutos do Espírito parecidos com as bem-aventuranças, ambos são uma descrição do caráter de Cristo, e que devem caracterizar o caráter cristão. O Espírito de Deus está ativo para criar uma igreja que reflete os valores do reino. A igreja não cumpre sua missão apenas pelo que diz, mas pelo que faz, pelo que é. Sal da terra e luz do mundo, fermento que leveda a massa. E um dos aspectos fundamentais é a proclamação do Evangelho e, o outro, diz respeito às boas obras.

O QUE SÃO AS BOAS OBRAS?

No geral, as igrejas evangélicas não falam de boas obras, considerando que isto é coisa de católicos ou espíritas que crêem que a salvação é pelas obras. Advogando a salvação pela fé. Ponto. Mas, “pera” aí! Não coloquemos o ponto final tão rápido assim! Pois, a Bíblia ensina muito sobre a importância das boas obras. Vejamos Mt 5.13-16 à Metáforas que dizem respeito à relação da igreja com o mundo. Boas obras são o jeito da igreja ser luz do mundo. Jesus disse ser a luz do mundo e aqui os discípulos é que são. Boas obras que se fazem publicamente, pois a luz não foi feita para colocar debaixo da cama. É para ser posta num lugar que possa iluminar a todos. Como conciliar isto com texto que diz que o que nossa mão direita fizer, a esquerda não deve ficar sabendo? Boas obras devem ser feitas para a glória de Deus e não para a nossa.

Ef 2.8-10 à ênfase no “sola fide” em detrimento das boas obras que se devem manifestar como fruto desta mesma fé. Mesmo neste contexto de defesa da salvação pela fé, aparece o lugar das boas obras. Somos poema de Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras. As boas obras não são optativas, pois são o propósito mesmo de nossa criação. Não por obras, mas para as boas obras que Deus dispôs de antemão.

Quais são as obras que Deus tem preparado para a minha própria comunidade realize, pois uma só igreja não pode fazer tudo. Mas Deus tem um plano para cada um de nós. Esta é a pergunta que todos nós devemos fazer, quer sejamos pastores, líderes...

Os evangélicos gostam de falar da morte substitutiva de Jesus por nós, mas a morte de Jesus tem relevância social. Temos que pensar nas conseqüências sotereológicas da cruz, mas quais são as conseqüências sociais da crucificação de Cristo? O problema é que as pessoas não pensam nas conseqüências sociais. O Evangelho também fala de nossa crucificação com Jesus Cristo. Estamos crucificados com ele. Ele vive em mim para que sua missão seja prolongada através da pregação e das boas obras.

Tito 2.11-14 à Graça que ensina a renunciar a impiedade, para remir-nos de toda impiedade e produzir um povo seu, zeloso de boas obras. A fé que importa é a fé que atua pelo amor (Gl 5.6).

Como Deus se manifesta na sociedade? No AT a glória se manifesta numa nuvem. Moisés tem o desejo de ver. Mas ninguém pode ver a Deus cara a cara. Onde está teu Deus? Perguntam os pagãos. Deus está invisível. Mas no NT, a palavra se fez carne e vimos a sua glória. Jesus tornou Deus visível. Is 58 – texto fala do jejum que Deus quer que se manifesta em boas obras e também fala de como se manifesta a glória de Deus.

Mas, hoje, estão querendo manifestar a glória de Deus construindo grandes templos e mostrando como somos poderosos.
Exemplo de ministério integral – Missão no Sertão Nordestino

Sl 94 – só vemos deserto, mas há um manancial.

A missão integral não é apenas ação social, tem a ver também com evangelização, pois devemos servir as pessoas na sua totalidade. Inclui o todo, pois afirmamos a soberania de Deus sobre toda dimensão humana, mas não é o mesmo que dizer que vai resolver todos os problemas.

Evangelização pode ser definida na missão integral nos seguintes termos, não está interessada no tipo de conquista proselitista em converter para o rol da igreja. Dialogar para colaborar com a obra de Deus de restaurar a relação do homem com Deus, com o próximo e com a criação. Modelar um ser humano genuíno como sinal e como convite aos que estão ao redor para que participem do Reino.

Paulo priorizava os pobres Rm15.26, Gl 1.8-10.

A era do Espírito é a Era da Igreja.

Necessitamos fazer uma crítica da igreja que começa como uma autocrítica, pois a transformação da igreja começa comigo, com a minha família. Por exemplo, se queremos que exista uma outra forma de exercer o poder na igreja, precisamos viver e expressar isto dentro de nossas casas. O significado de ser servo é ser pequeno.

A igreja é um agente de transformação da vida humana em todas as suas dimensões.

Porta experimental do Reino de Deus.

Para isto é necessário satisfazer as seguintes condições׃

Nem todas as igrejas estão preparadas para fazer missão integral. Que pensa a igreja acerca de si mesma? Necessária a reflexão comunitária. A pedagogia da pergunta. Paulo Freire. Jesus usava a pedagogia da pergunta muito antes de Paulo Freire.

É necessário discernir quais são as necessidades mais sentidas na comunidade. A igreja deve discernir que contribuição específica ela pode dar a comunidade e dedicar-se a isto.

A evangelização deve se dar no contexto do cotidiano, de serviço e na relação social com o povo. A igreja deve estar presente na comunidade para viver o Evangelho, realizando ações que sinalizem o Reino e dar palavra, motivo de sua fé. Missão encarnada.

“Testemunhas de Cristo” cap 10, corrigir o curso da igreja e cap. 11, Ministério para testemunho encarnacional.

Vaticano 2 apresenta um avanço na eclesiologia, apresentando o conceito de igreja como Povo de Deus. Na prática, somente na América Latina, é que este conceito teve efeito. Veja as comunidades eclesiais de base, com uma profunda preocupação social com os problemas do bairro, buscando transformação social. Mas o Papa João Paulo II combateu as comunidades eclesiais de base. Pois a descentralização não é conveniente para a igreja católica, que quer continuar centralizando o poder institucional.

Já, a igreja evangélica está sendo ameaçada por novas ditaduras dos que se autodenominam apóstolos ou agem como tal, ainda que com outros títulos, ou com títulos nenhum. A igreja precisa de uma participação mais democrática, que vise à participação de todos de maneira mais ativa.

Este é o primeiro requisito, que todos tenham participação, que todos tenham voz. Igreja comunidade. Assembléias bem preparadas, onde as pessoas são informadas com antecedência dos temas e possam se preparar adequadamente. Fóruns abertos. Buscando chegar a consensos. Se quisermos servir a comunidade, teremos contar com a participação da igreja como um todo, de cada membro com os seus dons e talentos. Dons 1 Co 12, Rm 12, Ef 4, 1 Pe 5.10-11. Capacidades, dons e ministérios que Deus dá ao seu povo para servir. Problema é não dar ênfase em dons como o de serviço ou de socorro.

A igreja não é defina em termos diretos, mas é descrita na Bíblia através de muitas figuras de linguagem e cada uma destas imagens dizem algo a respeito da igreja.

Importante tomar consciência do sacerdócio universal de todos os crentes. Há uma relação entre o sacerdócio e os dons, que são essenciais para o exercício de seu ministério. Ajudar as pessoas a descobrirem seus dons, afirmar seus dons e desenvolver seus dons e beneficiar outros com seus dons. A igreja é uma comunidade de dons, uma comunidade de ministério. O problema é quando o pastor monopoliza os dons. Igreja pastorcentrica! Deixa de ser Cristocêntrica. Mas Cristo reparte dons. Democratização do ministério. O papel do pastor é o de capacitador como se vê em Ef 4. Algo como um treinador em um time. Dons como pessoas que exercem certas funções no corpo. Pessoas que encarnam um dom. Não se está pensando somente na estrutura da igreja local, mas numa igreja que transcende fronteiras geográficas. A igreja local não é a totalidade da IGREJA, como Corpo de Cristo e Povo de Deus. O que reparte os dons é Cristo Glorificado por meio do Espírito de Deus. O sacerdócio universal da igreja não é o mesmo que dizer que todos são pastores, pois existem alguns com dons e chamados para esta função em especial, assim como existem outros dons e ministérios. Boff tem uma eclesiologia bem batista. “Igreja, Carisma e poder.”

A maior tentação dos pastores é converter-se em ditadores, em figuras autoritárias. Executivos. Inverter a pirâmide, onde o líder maior seja o servo dos servos. As pessoas têm dificuldade de se libertar do modelo piramidal, pois isto está enraizado na cultura.

O pastor deve reconhecer suas limitações, pois não tem todas os dons, nem todas as respostas. Precisamos uns dos outros. Bom lema para equipe pastoral está em 1 Pe 5.1-4 à Pedro diz que é presbítero com eles, apela para uma ação não autoritária e não por interesse financeiro. Conceito colegial de pastorado com a descrição de suas tarefas.

Dar visão de missão integral e dar acompanhamento. Descobrir quais são os recursos da comunidade e da igreja. Quais os problemas.

Livro Revolução Silenciosa. Fermento que não é visto, mas que vai levedando a massa. Conhecer melhor a cidade. Plantar igrejas saudáveis perto de todas as pessoas.

Condições para a igreja trabalhar em missão integral à

1. compromisso da totalidade do corpo, participação de todos; a edificação e o crescimento do corpo se dá através da participação de cada parte. Crescimento integral da igreja, 4 sentidos׃ encarnacional (presença do povo de Deus na comunidade, identificação com a comunidade em termos de serviço e compreensão e participação nos sofrimentos), diaconal (serviço real), crescimento teológico ou conceitual; é necessário haver teologia no nível das bases, pois quanto mais educação, mas se pode esperar dele. Aprender a pensar teologicamente. E, por fim, crescimento numérico.

O Livro Desenvolvimento Natural da Igreja diz que o crescimento numérico não é o propósito da igreja, mas sim o crescimento natural. Quais são as condições para que uma planta cresça? Pois, a parte destas condições, não há nada que se possa ou se deva fazer para seu crescimento. Uma árvore cresce até certa dimensão normal para o seu tipo. Não se espera que cresça mais que isto. Ou seja, não é um crescimento ilimitado em si mesma. O importante é que existam muitas árvores, um bosque ou uma floresta. Multiplicação em diferentes lugares da cidade, vivendo o testemunho do Evangelho. Isto sim é muito mais importante do que mega igrejas, que dá pouca oportunidade de participação para os membros. (Gera muitos crentes de arquibancada, que só assistem.) Mega igrejas têm a ver com ambições financeiras e preocupação com fama e reputação baseada em números. Promover estruturas que facilitem o crescimento integral da igreja. Grupos pequenos, caseiros. Os templos são prescindíveis. O N.T. desconhece a concepção de templo como edifício. Grupos de missão. Consciência de que ingressar não significa em entrar num clube religioso, mas, sim, num grupo de missão para servir a sociedade. Ênfase na busca dos dons com vistas ao serviço e testemunho cristão na comunidade. Até grupos políticos que propõem projetos e mudanças em leis em busca da justiça. Ênfase em capacitação.

Livro de Howard Snyder, a Comunidade do Reino. Bom capítulo sobre estruturas eclesiásticas. Outro livro Vinho Novo, Odres novos. Perspectiva de Snyder quanto a estruturas denominacionais que muitas vezes são problemas, incluindo seminários, editoras, pois deveriam estar trabalhando em favor da igreja local para que ela pudesse cumprir. Busca o melhor de cada tradição eclesiológica.

Liderança não piramidal. Que dá oportunidade para participação do povo.

Ministério docente mais plural, evitar o perigo de uma docência elitista. Estão até acabando com a Escola Dominical, alegando a necessidade de mais espaço para adoração. Instituto bíblico na igreja. Todos os membros da igreja deveriam participar de cursos bíblicos e teológicos. Desenvolver capacidade de refletir sobre a fé e relacioná-la com a vida prática. Púlpito deve ser uma cátedra, um lugar de ensino. Não deve ser monopólio do pastor, outros devem ser treinados para fazer o mesmo. Exposição de todo o conselho de Deus. O ensino principal de Jesus se dá no contexto da vida cotidiana. Depois do jantar, ao redor da mesa. Um grupo de dois ou três que se põem a conversar. A leitura é um meio de graça. O povo precisa aprender a ler. Tomar gosto pela leitura. Isto facilita o trabalho pastoral. Lêem um livro e depois conversam sobre suas impressões e lições. Estamos conscientes da necessidade da docência, não apenas formal, mas informal, e através do exemplo ao estilo de Jesus, na vida prática. Tal ensino marca a vida das pessoas. Outro tipo de docência que tem ainda maior alcance é aquela dirigida para fora da igreja e que está vinculada à tarefa profética. Como conseguir que a igreja se pronuncie a respeito de assuntos éticos relevantes a sociedade? Aproveitar oportunidades em fóruns de debates, congressos, meios de comunicação... Falar sobre bio-ética, globalização, temas econômicos e políticos, tráfico, drogas, álcool, aids... Trabalhar em favor de ajudar pessoas afetadas por estes males. Dando carinho e atenção. Visitar, estar junto. Isto também é docência que se dá através do bom testemunho. Uns semeiam, outros regam, mas é Deus quem dá o crescimento para sua glória. Necessitamos desenvolver uma mente cristã que tenha uma palavra e um testemunho iluminador. Participação da igreja na sociedade civil. Igreja como uma comunidade do bairro. Igreja da vizinhança, que fomenta sentido de solidariedade. Nos bairros mais pobres há mais sentido de solidariedade. É diferente ser pastor em classe média e ser pastor numa igreja de “bairro”, pois as pessoas no bairro tratam de ajudar-se mutuamente. Buscam mais comunhão. Uma igreja que se põe a serviço do bairro. A igreja existe para servir e faz isto para a glória de Deus. A igreja precisa estar presente no bairro num sentido construtivo onde a evangelização se dá no contexto do convívio em meio ao serviço.

George Ladd – citação que consta no livro Missão Integral. O reino não deve ser confundido com a igreja. A igreja é a comunidade do reino, mas nunca o próprio reino. A igreja é uma sociedade de pessoas, a comunidade do Reino. Reino de Deus transcende a igreja, mas é em função do Reino que existe a igreja. A igreja não existe para si mesma. O Espírito de Deus está atuando não apenas na igreja, mas também fora dela. Leva tempo para a igreja assumir esta consciência. Muita coisa precisa ser desconstruida para que a consciência do Reino possa ser absorvida e vivida.

O Livro Comunidade do Reino de Howard Snyder nos ajuda muito nesta conscientização da verdadeira natureza e propósito da igreja. Dr. Padilla pediu a todos os membros de sua igreja que lessem este livro. A igreja precisa internalizar estes conceitos. Precisa viver e expressar na prática.

Dr. Padilla contou das dificuldades que teve na igreja quando 20 drogados se achegaram a comunidade. Líderes influentes não ficaram satisfeitos, sugeriram uma programação especial para eles, pois não estavam de acordo que eles participassem dos cultos por medo da contaminação. Dr. Padilla respondeu dizendo que tal posição se assemelhava a dos escribas e fariseus nos tempos de Cristo.

Não é fácil. Se quisermos fazer algo que tem base bíblica, teremos que pagar um preço. Sal, luz e fermento são figuras do Reino. Reparar que não existem figuras da missão da igreja ligadas a conquista retumbante. Trata-se de algo paulatino.

O Avivamento Wesleyano produziu uma transformação social e política no século XVIII que livrou a Inglaterra de uma revolução sangrenta tal qual foi a Francesa, além de promover também abolição da escravatura, que era um mal milenar, e proibição de trabalho infantil. Uma revolução de valores! Utopia?!

O reino se faz presente através do povo do Reino, se torna visível através da comunidade do Reino.

As mais expressivas organizações de bem público são de origem cristã. Cruz vermelha, OIT (organização internacional do trabalho), etc.

Quais têm sido as contribuições da Igreja Latino-americana?

As igrejas estão começando a descobrir que podem colaborar com o município em certas áreas. Cedendo espaço, lugar e mão de obra em diversos Projetos de parceria. Ajudar a diminuir a delinqüência juvenil através de programas esportivos.

At 2 e 4.32-37 – cada um recebia segundo a sua necessidade, o que cada um dava segundo a sua possibilidade. Mordomia do uso dos bens materiais. Precisamos criar métodos e mecanismos para o exercício da caridade para que não haja necessitados. Voto de ajuda mútua.

Wesley nunca quis formar uma nova denominação. Mas a igreja anglicana estava morta espiritualmente, muito formal. Com o grande crescimento do movimento metodista, foram criadas as classes para discipulado, isto produziu uma tremenda revolução, que não alcançou apenas a Inglaterra, mas também os Estados Unidos, dos Estados Unidos alcançou o Brasil, mas, nesta terceira onda, percebesse a existência de muitos desvios do eixo principal. Teologia da Prosperidade é um claro exemplo disto.

Um monasticismo para o século XXI, não para se asilar do mundo, mas para servir ao mundo.

Como é que o seminarista faz parte da missão integral? Questão também da mulher no ministério.

Com o avanço da tecnologia, o mundo se tornou pequeno, mas os problemas se fizeram ainda maiores. Sociedade de consumo criando necessidades artificiais. Interesse das grandes corporações nacionais e transnacionais controlando a economia e a política. Livro “O outro lado da globalização”. Missão integral tem a ver com o contexto de hoje, contexto global, com a absolutização do dinheiro e dos valores materiais. Países do terceiro mundo, principalmente os pobres que neles vivem, são os que mais estão sofrendo as conseqüências da globalização e do imperialismo econômico. Todos têm direito a vida. É responsabilidade do governo proteger a vida, saúde, educação, segurança, direitos sociais.
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